A Pequenez, a Grandeza e o Silêncio Reverente
Olhar
para a imensidão do céu noturno, pontilhado de estrelas incontáveis e galáxias
distantes, é uma experiência que dilata a alma e reduz o ego. Nesse instante de
contemplação, a pequenez humana se revela com clareza avassaladora. Somos um
grão de poeira cósmica, uma existência breve diante da eternidade do universo.
E é justamente nessa percepção de nossa insignificância que a “grandeza de Deu”
se ergue majestosa e indizível. Tudo o que construímos, almejamos e julgamos
importante parece desvanecer-se diante da Glória insondável do Criador.
Frente a essa realidade, qual deve ser nossa postura? O caminho apontado é claro:
viver“centrados nos Seus ensinamentos e obedientes à Sua vontade”.
Não por
imposição, mas por reconhecimento. Pois existe uma verdade universal, luminosa
e consoladora:
Deus é bom, e Sua vontade é perfeita e agradável
(Romanos 12:2).
Enquanto nos agitamos tentando controlar os
fios do destino, Ele tece a tapeçaria da história com sabedoria infinita e amor
incondicional.
Contudo,
nossa soberba insiste em nos cegar. Arquitetamos projetos grandiosos,
elaboramos planos minuciosos, sonhamos com conquistas elevadas. Muitas vezes,
porém, erguemos edifícios existenciais, exclusivamente voltados para o nosso
prazer pessoal, efêmero e raso.
Tornamo-nos medíocres em nossa expectativa intelectual, contentando-nos com migalhas de conhecimento,
enquanto nos julgamos profundos. Soberbos em nosso próprio entendimento. Qualificamo-nos
como seres plenamente capazes, senhores do nosso destino.
Quando, na
verdade, diante da vastidão do Cosmo e da plenitude do Senhor Altíssimo. Insignificantes
é o que somos.
Essa
contradição se infiltra até mesmo em nossa expressão de fé. Frangloriamo-nos de
joelhos calejados pela oração, como se isso fosse troféu. Expressamos cânticos
de adoração com voz alta, mas, às vezes, com o coração distante. Orgulhamo-nos de declamar Seus mandamentos e
preceitos, usando-os até como arma contra o irmão.
Transformamos
a religião em performance, esquecendo-nos de que o Altíssimo perscruta as
intenções mais profundas.
E é
aqui que uma virtude esquecida, porém fundamental, ressurge: o silêncio.
Não o
silêncio vazio, mas o silêncio reverente, cheio de presença e humildade. A
maior virtude pode ser uma boca que se cala:
* Que não
fala mal do seu irmão, semeando discórdia onde deveria haver amor.
* Que
não argumenta sobre o que não conhece, evitando a arrogância do falso
saber.
* Que não se perde em tagarelices e sandices, preservando a dignidade da palavra.
Pois, no
reino de Deus, vale mais um fiel calado, cuja vida é testemunho mudo de integridade,
amor e obediência, do que um orador eloquente, cujas palavras soam como sinos,
mas cujas ações negam a verdade que profere.
O
silêncio do humilde que ouve, que serve, que ama sem alarde, ecoa mais alto nos
céus do que todos os discursos recheados de vanglória.
Que a
contemplação da imensidão celeste nos lembre sempre de nossa pequenez, nos
conduza à adoração genuína, livre da auto justificação, e nos ensine o valor
sagrado do silêncio que honra a Deus e respeita o próximo.
É no reconhecimento de nossa insignificância
diante do Eterno que encontramos nossa verdadeira grandeza: a de sermos amados
e resgatados por Ele.